terça-feira, 11 de abril de 2023

Revolução Francesa: Direita e Esquerda




Como surgiu a divisão direita e esquerda?

A Revolução Francesa foi um episódio histórico que deu fim à monarquia absolutista na França, levando à formação de um órgão chamado Assembleia Geral. Dentro dela, formaram-se dois grandes grupos políticos: os jacobinos e os girondinos.

Os jacobinos eram compostos pelos sans-culottes, nome dado a grupos pertencentes à baixa burguesia, como os artesãos e pequenos proprietários de terra, e defendiam que as mudanças da revolução fossem ainda mais profundas, por meio da formação de uma república. Os girondinos, por sua vez, eram compostos por membros da alta burguesia, como os comerciantes e banqueiros.

Eles acreditavam que as mudanças necessárias já tinham ocorrido com o fim da monarquia absoluta e a formação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Durante as reuniões, aqueles que se identificavam com as ideias dos jacobinos sentavam-se à esquerda e os que se identificavam com as ideias dos girondinos, à direita. Foi desse modo que a definição de esquerda e direita se formou.


O que significa ser de direita e esquerda?

Considerando esses diferentes posicionamentos, podemos dizer, grosso modo, que os de esquerda seriam os revolucionários ou progressistas e os de direita, os conservadores. Nesse sentido, é importante compreender que uma revolução altera o sistema vigente, como no caso da Revolução Francesa, que deu fim ao Antigo Regime e abriu caminho para o surgimento do liberalismo político no país, bem como o capitalismo. Uma reforma, por outro lado, provoca algumas mudanças, porém não altera o sistema como um todo.

Trazendo para a atualidade, os que são de esquerda seriam os mais identificados com o primeiro grupo, pois não estão contentes com o sistema capitalista e desejam mudá-lo, enquanto os de direita aceitam tal sistema e até almejam por mudanças, desde que não o alterem profudamente, ficando, no máximo, no campo da reforma. O motivo da esquerda ser contra o sistema é que, para ela, as desigualdades são injustificáveis, enquanto a direita as considera naturais ou inevitáveis, entendendo ser o capitalismo um sistema que privilegia a liberdade individual.

Podem até existir ações de direita voltadas a questões sociais, como as políticas públicas, que são iniciativas capitalistas para diminuir os impactos sociais provocados pelo próprio sistema e para movimentar a economia. Porém, o foco da direita é a liberdade econômica, pois ela defende que é impossível acabar com a desigualdade sem prejudicar a sociedade em outros aspectos, como a geração de riqueza. Portanto, dizer que a direita não é igualitária não é condená-la, mas sim reconhecer que, na sua maneira de enxergar, a desigualdade é essencial para o florescimento da liberdade e para a incessante luta pela melhoria da sociedade. Por isso, ela tende a defender a meritocracia. 

A esquerda também almeja a liberdade, porém entende que só é possível alcançá-la com o fim do sistema capitalista e sua substituição por um sistema econômico mais igualitário, em que todos poderão ter as mesmas oportunidades, podendo vir a ser o socialismo ou comunismo. Lógico que, quando se diz respeito à política atual, não significa que um partido de esquerda, ao chegar ao poder, irá derrubar o sistema vigente. Porém, algumas ações de tal governo podem ir de encontro às ações capitalistas, mesmo que ainda inseridas dentro do sistema. 

Uma visão de esquerda mais moderada, que aceita o capitalismo, mas propõe reformas que levem à redução das desigualdades é a social-democracia. Na prática, um governo de direita, por exemplo, será a favor da privatização de empresas estatais, enquanto um de esquerda privilegiará a estatização. Isso porque a direita visa alcançar um Estado Mínimo em prol do crescimento econômico, ou seja, o Estado deve manter o mínimo possível de instituições e obras públicas, deixando aquelas que não são consideradas sua função para o setor privado. Por outro lado, um governo de esquerda considera que o Estado deve ser grande e manter um maior número de instituições ou obras públicas em prol da diminuição das diferenças sociais. 

O quadro a seguir apresenta um resumo das principais diferenças entre um governo de direita e um governo de esquerda:



Vale ressaltar, no entanto, que essas descrições são generalizações didáticas para melhor entender esses conceitos. Na prática, as posições políticas possuem muitas nuances e outros temas além da maneira como elas enxergam o sistema econômico podem influenciar se estão mais à esquerda ou mais à direita.

Fonte: https://www.politize.com.br/como-saber-se-sou-de-direita-ou-de-esquerda/