quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Ressonâncias do Estado Patrimonialista



A notícia de que a Câmara dos Deputados absolveu o deputado Donadon, preso e condenado, infelizmente não me surpreende. 
Esta atitude exemplifica limpidamente o que Raymundo Faoro nomeou de Estado Patrimonialista em sua obra principal. 
É por isso que 40 anos depois da publicação do clássico "Os Donos do Poder" de Raymundo Faoro, que analisou a fundo as entranhas políticas do Estado brasileiro, as suas ideias principais ainda estão atualíssimas. O Estado patrimonialista ainda está arraigado nas estruturas de poder do Brasil. 
As leis, nesse sentido, são apenas um envoltório protetor a serviço de quem as cria e as zela pelo seu cumprimento, não valendo, portanto, para os legisladores e autoridades "competentes" que as executam. 
O espaço público é apropriado pelos interesses particulares e privados (até os mais escusos) com a finalidade de mantê-los e protegê-los acima de quaisquer leis ou interesse comum. 
Daí, a nossa descrença e revolta cotidiana para tudo que cheira a político. 
O que acaba sendo um equívoco, pois quanto mais nos afastamos do espaço político, mais a vontade deixamos os interesses particulares utilizarem os poderes públicos para tais fins ilícitos. 
No entanto, a lama que assola o campo político é tão densa e compacta que até os militantes mais ardorosos acabam por cederem ao niilismo.

domingo, 25 de agosto de 2013

Se for beber, não consulte o Google Maps - Roteiro de uma viagem (parte II)






Itaúnas, Espírito Santo

A volta de uma viagem de férias é sempre mais sem graça que a de ida. Também pudera, voltar para o batente não é, convenhamos, a melhor coisa do mundo. Aí é que mora o perigo, o planejamento quando existe, nestes casos, sempre é feito de forma indolente, sem a atenção devida.

Prado, Bahia



Vamos ao caso: estávamos em Prado, Bahia, passando por Itaúnas no Espírito Santo, vindo de Uberlândia, Minas Gerais. Para voltarmos, não precisaríamos passar novamente pelo Espírito Santo, portanto, tínhamos que pensar em outro itinerário para volta.

 Itinerário de volta.

Como sempre, deixamos esta tarefa modorrenta para o final. E tão inglória que é perder tempo de férias planejando a volta para o trabalho, decidimos planejá-la no boteco bebendo cerveja. Já se pode antever... deu m....

Algumas cervejas depois, resolvemos consultar o oráculo dos tempos modernos... o nosso Google, mais especificamente, o Maps. Entre brindes, risadas e gozações, ficou decidido que iríamos através da BA-001 para seguirmos pela BR-418 cortando a BR-101 até a BR-116 já em Minas Gerais, onde pegaríamos a BR-381 até a grande Belo Horizonte, depois seguiríamos pela BR-262 até Araxá, onde a direita continuaríamos pela BR-452 até Uberlândia, perfeito!
Mais ou menos 2 minutos depois, voltamos às cervejas integralmente... pois estava tudo certo... E era a última noite! Pela manhã seguiríamos viagem de volta para casa, para o trabalho e todas as obrigações cotidianas, como estava tudo certo, voltamos para curtição dos últimos momentos. Certo? Certíssimo!

A não ser por um mero detalhe: os 20 quilômetros sem asfalto no final da BR-418. Para piorar, uma chuva forte na noite anterior fez estes 20 KM tornarem-se eternos e infinitos, já que estavam cobertos de uma lama compacta e escorregadia, com vários pontos de atoleiros. Em suma, uma viagem tranquila de férias, tornou-se uma aventura inesperada, isso até atolarmos, pois depois disso a coisa ficou desesperadora mesmo.

 Misto de lama e carro.
Até que uma boa alma de um caminhoneiro passando em sentido contrário, resolveu parar e oferecer ajuda. Depois de duas cordas arrebentadas e mais terror por pensarmos que poderíamos passar o resto do dia e quem sabe a noite naquele ponto esquecido da Bahia, perto de lugar nenhum e longe de todos; finalmente o carro, eu disse carro?


 Lama compacta e escorregadia.

Não, era na verdade, um misto de lata e lama que começou, enfim, a se mexer e sair do atoleiro. Mais 10 quilômetros tensos e ninguém pode imaginar a alegria que foi ver um asfalto esburacado por de baixo de nós. Foi uma euforia só!

O carro, pós lava-jato.

Assim, aprendemos uma grande lição: se beber, não consulte o Google Maps!

sábado, 10 de agosto de 2013

A bolsa esquecida – roteiro de uma viagem (parte I)



Que delícia acordar cedo! Calma, não estou louco nem idoso, estou na praia de férias!
Acordamos cedo então, e saímos do hotel em direção à praia.
Antes disso, porém, seguimos passo a passo a cartilha do bom farofeiro.
Enchemos a bolsa térmica de cerveja em lata e lá fomos nós!
Iríamos a pé, achei; mas não, a praia do dia era mais longe, iremos de carro, falaram, e no carro percebi que não estava com a chave.
Eu que estava com a sacola térmica deixei-a no banco da recepção do hotel perto de todos.
Peguei a chave, liguei o carro e partimos nós.
Lá chegando, descobrimos que a praia era muito deserta.
Muito cheia é ruim, mas deserta também.
Assim, depois de alguns pulos de ondas... todos optaram por procurar outra praia e lá fomos nós outra vez.
Na outra praia povoada e não mais deserta, sol a pino, lembrei da cerveja e sem demora pedi para a excelentíssima senhora minha esposa e qual não foi minha surpresa quando dela vi uma sobrancelha erguida e um “não sei, a sacola estava com você”.
“Como assim, eu estava dirigindo” redargui, misto de confuso e já nervosamente preocupado: Meu Deus, pensei, perdemos nosso néctar!
Rapidamente, ou seria, desesperadamente? corremos dali para o Hotel, depois de muita discussão e troca de acusações de parte a parte tentando acharmos culpado para o crime irreparável, não pense que seja exagero! pois só quem estava debaixo daquele sol teria a noção do tesouro perdido.
Quando chegamos ao hotel... Surpresa! A bolsa estava lá sã e salva mais de 1 hora depois.
Isto é: Conceição da Barra – ES, a paz e o sossego encarnados em cidade.
Nada mais a fazer, tomei umas duas de logo, uma para refrescar, outra para comemorar!