quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Ressonâncias do Estado Patrimonialista



A notícia de que a Câmara dos Deputados absolveu o deputado Donadon, preso e condenado, infelizmente não me surpreende. 
Esta atitude exemplifica limpidamente o que Raymundo Faoro nomeou de Estado Patrimonialista em sua obra principal. 
É por isso que 40 anos depois da publicação do clássico "Os Donos do Poder" de Raymundo Faoro, que analisou a fundo as entranhas políticas do Estado brasileiro, as suas ideias principais ainda estão atualíssimas. O Estado patrimonialista ainda está arraigado nas estruturas de poder do Brasil. 
As leis, nesse sentido, são apenas um envoltório protetor a serviço de quem as cria e as zela pelo seu cumprimento, não valendo, portanto, para os legisladores e autoridades "competentes" que as executam. 
O espaço público é apropriado pelos interesses particulares e privados (até os mais escusos) com a finalidade de mantê-los e protegê-los acima de quaisquer leis ou interesse comum. 
Daí, a nossa descrença e revolta cotidiana para tudo que cheira a político. 
O que acaba sendo um equívoco, pois quanto mais nos afastamos do espaço político, mais a vontade deixamos os interesses particulares utilizarem os poderes públicos para tais fins ilícitos. 
No entanto, a lama que assola o campo político é tão densa e compacta que até os militantes mais ardorosos acabam por cederem ao niilismo.

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