sexta-feira, 5 de junho de 2009

Brancaleone: O brilhante dom Quixote de Monicelli



Há algum tempo, um amigo me indicara um filme com a seguinte recomendação: “assista Brancaleone, é uma comédia sobre a Idade Média!”. Lembro que ao ouvir tal frase me dirigi imediatamente para a locadora mais próxima. Fiquei encantado com o filme e não temo em dizer que é, não só, a melhor comédia, como o melhor filme sobre a Idade Média que assisti.


Lá você encontra todos os principais elementos do fim do feudalismo. O filme conta a história de um cavaleiro medieval pobre, Brancaleone, que procura ganhar um torneio e casar-se com a princesa, até aí um clichê legítimo. Mas, a maneira como é narrada, pelo brilhante Monicelli, e as várias idas e vindas da trama é o que faz a diferença.


A película começa com uma invasão bárbara a um feudo que é salvo por um cavaleiro solitário, que ferido, é atacado por alguns sobreviventes que ele salvou. Assim, quando se encontrava à beira da morte, roubam-lhe a armadura, a espada e um misterioso pergaminho. Na cena seguinte os assaltantes levam os despojos do crime para vendê-los a um mercador judeu, que quando lê o manuscrito, percebe a encrenca em que ambos se meteram, tratava-se da concessão de um feudo ao cavaleiro portador do manuscrito que, naquele momento, se encontrava morto.

Tais personagens então partem em busca de um cavaleiro que possa tomar o feudo de Alencastro, é aí que encontrarão Brancaleone que deu vexame no torneio devido a não conseguir dominar seu cavalo. Monicelli ainda vai acrescentar outros elementos no filme: um cavaleiro de Bizâncio que irá duelar com Brancaleone pelo direito de passagem, uma das melhores cenas do filme; um monge que arrebanha voluntários para lutar na terra santa; um castelo abandonado cheio de vítimas da Peste Negra; as invasões árabes às vilas litorâneas do Mediterrâneo e muito mais.


Tudo isso regido por Brancaleone que personifica dom Quixote de Cervantes, o honrado e atrapalhado cavaleiro medieval que, na literatura, marca a transição entre Idade Média e modernidade, como também é uma das intenções de Monicelli. A continuação da história, ou melhor, do filme, ninguém pode perder, principalmente, quem gosta de história e de dar umas boas gargalhadas em alto nível.

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