Estou cansado de ouvir de jogadores, comentaristas e pessoas em geral, a fala que diz que o Brasil é o país do futebol.
Cada vez mais esta afirmação torna-se uma afronta à inteligência e, mesmo, à observação pura e simples.
Como um país que tem média de público de menos 15 mil pagantes em seu melhor e mais competitivo campeonato pode ser considerado o país do futebol?
E mais, como num país que a sua maior torcida, a do Flamengo, pode ser considerado a terra do futebol, sendo que o número de quem não gosta de futebol ou de quem não tem time é maior, 36,3 milhões contra 33,2 milhões de torcedores da maior torcida?
Passou da hora de darmos um basta a este mito!
A vida do brasileiro não pode ficar resumida a uma modalidade esportiva, mesmo que seja de longe, a que o brasileiro médio mais gosta.
E as mídias têm que perceber isso e diminuir os espaços de cobertura dado ao esporte bretão.
A Globo já não tem mais a mesma audiência que tinha há dez anos com os jogos da Seleção Brasileira, que se tornou a Seleção da CBF, tamanha a perda de identificação da seleção com o seu país.
E esta é evidentemente uma das explicações para essa perda de audiência.
Se de um lado, cobramos maior participação dos brasileiros nas questões mais importantes do país, como economia, educação, segurança pública e fazemos uma imagem de que o brasileiro médio se importa mais com o futebol e com a novela (o que vai acontecer com seus personagens favoritos nos próximos capítulos) do que com as notícias diárias.
Isso se deve também ao fato de que a mídia com base nesta imagem, muitas vezes, intuída e pouco realista, não tem coragem de transformar sua grade de programação e continua apostando nesta percepção do brasileiro padrão, que evidentemente, já está há muito defasada.
Por outro lado, também é errado achar que quem gosta de futebol e acompanha os campeonatos em que participa seu time seja uma pessoa alienada.
Os espaços para programas esportivos baseados em polêmicas vazias e apenas a enaltecimento dos atletas, desprovidos de jornalismo e críticas, estão cada vez mais reduzidos.
O jornalismo sério e não o mero entretenimento é sem dúvida a bola da vez.
Os veículos de comunicação que perceberem isso, sairão e permanecerão na frente por muito tempo.
A informação monopolizada não tem mais vez em um mundo totalmente conectado através da rede mundial de computadores.
Isso era o principal fator que prolongava as polêmicas dos programas esportivos de mero des/entretenimento.
Logo, tais polêmicas acabam tornando-se novelas modorrentas que cada vez mais perdem audiência.
Brasil, o país do futebol?
Conta outra!
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