terça-feira, 18 de junho de 2013

Não será um cineasta de meia-tigela que dirá o que é isso!



Quem pode explicar os protestos que estão acontecendo em todo o Brasil?
Ninguém!
Quem pode mapear as origens sociais dos manifestantes?
Ninguém pode, muito menos um cineasta meia-boca!
Como identificar as motivações políticas?
Não sei!
Os interesses e os objetivos dos manifestantes?
Parecem tantos e tão difusos que ainda não dá para delineá-los.
Será que é uma onda passageira de revoltas motivadas pelas redes sociais, apenas?
Acho que não, parece ser mais amplo e sério.
Parece está enraizado, embora seja espontâneo!
Uma coisa parece ficar claro: os analistas estão atônitos!
Os políticos, talvez, os grande alvos dos protestos estão encolhidos.
Talvez, isso seja uma chave de análise, pois a insatisfação com os políticos parece algo comum entre os manifestantes.
Os analistas mais afoitos falaram em protestos de classe média.
Quebraram a cara. Está longe disso.
Parece mais uma nova multidão que ganha as ruas e amedronta os ricos, os políticos e todas as autoridades, que estão atônitas.
Os partidos políticos não sabem o que fazer, não tem o que fazer: são também alvo dos protestos!
Os políticos se escondem, precavidos e assustados, tremem. Ai de algum político levantar bandeira partidária nas manifestações.
Os manifestantes são contra os políticos mas não contra a política, como temia Hannah Arendt e alertava quando isto ocorria para o perigo do fascismo.
Pois parece ser uma nova prática política dos não-representados.
Talvez seja um sintoma da falência da democracia representativa, uma falência que, porém, não leva ao fascismo.
Pois quem tentou utilizar os atos de violência ocorridos isoladamente nestas manifestações até o momento para caracterizá-las, não se deu muito bem.
Emerge uma nova forma de fazer política, difusa, mas contundente, pois inassimilável  por quaisquer mecanismos de controle existente até o momento.
A polícia tradicional é inútil!
A inteligência policial, ineficaz.
A vigilância inócua.
Ninguém canaliza estes rios caudalosos que arrastam, quando querem, a tudo e a todos.
Mas isso não quer dizer que são incontroláveis, não há lideranças aparentes, nem objetivos claros, mas há um rumo, não são simples arruaceiros, são seres pensantes e conscientes, podem não saber no que vai dar, mas parece seguir caminhos que se fazem ao caminhar.
Não há roteiro pré-definido, mas não é desordenado, parece sim, a instituição em movimento [sic], a criação de um novo ordenamento, com métodos originais, por isso, a perplexidade geral.
Temos que aprender com estes manifestantes, pois eles nos representam, nos identificamos neles, somos eles também e quem sabe daqui alguns anos teremos uma noção mais clara e completa do que está acontecendo.
E de longe, mas bastante feliz por saber que os jovens brasileiros também sentem na pele as injustiças que sofrem, está divertido muito divertido ver os analistas daqui e de fora batendo cabeças!

2 comentários:

Ricardo - Leôncio disse...

Adonile, acho que são muitos, os autores dos protestos e variam de região, de cidades e estados. Em Uberlândia, por exemplo, acredito que detectei a presença e leonettes. Muitos estão fazendo do povo, massa de manobras. É verdade, claro que isso não é tudo. Radicais do PSTU, dentre outros parecem estar em todos os lugares onde há protestos. Parte da mídia usa propositadamente "protestos contra o governo", mesmo que os governos sejam vários. Contra o PSDB em São Paulo, contra o PT também em São Paulo, embora estando em esferas diferentes: Estado/prefeitura. Em alguns, a luta parece ser contra a copa do mundo e a gastança na construção dos novos estádios. O que dizer do Estádio do Corínthians em São Paulo, construído todo ele com verba pública ? Protestos ? Não. Será que a multidão é corintiana ? Enquanto isso, é aprovado a cura gay em comissão dos Direitos humanos no Congresso em Brasília, e a multidão silencia. E o presidente da Comissão dos Direitos Humanos em Brasília no Congresso, alvo de muitos protestos recentemente ? A Multidão esqueceu ? E a prisão dos mensaleiros corruptos ? A multidão esqueceu ? E o mensalão do DEM ? A multidão esqueceu ? E o Mensalão do PSDB ? Esqueceu ? Em tempo: protestos genéricos levam nada a lugar nenhum. É preciso dar nome aos bois, pois protestos tem que ter endereço certo se não, vira manifestação, passeata. Ao contrário de muitos, tenho total descrença nisso tudo que está acontecendo. Contra o alto preço da passagem de ônibus, me quebram toda fachada da prefeitura de São Paulo e deixam a conta para o povo (aquele mesmo que paga caro para ter transporte privado de caráter público) pagar. Por essas e outras, não vejo as massas com algum tipo de consciência. Pelo menos, essa é minha análise do momento. Espero sinceramente que o movimento mude de rumo. Foco: Congresso Nacional. Ali é onde tudo começa e deve ser onde tudo termina.
Abraço.

Adonile disse...

Realmente, talvez estou sendo muito otimista, mas é que tanto tempo sem uma revolta de vulto (numerosa) como esta (mais ou menos 30 anos) tenha deixado meu senso crítico um tanto quanto afetado.
Mas, refletindo sobre tudo que você escreveu, muito pertinente por sinal, ainda acho que tem pelo menos um lado positivo: o de assustar, amedrontar os políticos, porém, também sei que este medo da multidão só será eficaz se for duradouro, se se repetir, se voltar a acontecer em momentos propícios como o da Copa das Confederações, como o da votação da PEC... Para se tornar uma constante vigilância popular contra os malfeitos politiqueiros. Se não, temo que sua análise será ainda mais precisa, pois tais protestos se mostrarão ineficazes porque difusos e não-identificados.

Abraço