sexta-feira, 3 de abril de 2009

Crônicas da Educação I

Um Ônibus Quebrado

Estava eu no ônibus pensando em nada, quando uma conversa me invadiu:

- Nossa, mas esses alunos de hoje são tão burros, não gostam de ler, não sabem e não querem escrever e quando tiram notas baixas, aí vem os pais reclamarem e a culpa recai sobre nós, a culpa é do professor.

- Então, a gente tem que ensinar até a sentar, só querem saber de internet, site de relacionamento, televisão e videogame. Ainda bem que nem de computador eu gosto.

Quando de repente o ônibus pára, faz-se silêncio, o motorista desce, olha o motor e desbriado volta e diz ao cobrador:

- Zé!?

- Fala?

- Liga para empresa, chama o reboque esse aqui já era!

É quando um dos interlocutores volta a falar:

- Era só o que faltava, vou chegar atrasado na outra escola e o diretor lá não quer nem saber, manda falta!

- Pois é, esse é o Brasil, e depois vem político dizer que quer melhorar a educação, os professores nem trabalhando três turnos têm dinheiro para comprar carro.

- Então... Ei veja!

Fala para o outro, mostrando a placa com o nome da rua onde o ônibus quebrou.

- O quê?

- Olha ali na placa, brasileiro não tem nem criatividade para colocar nome nas ruas, vê se aquilo é nome: Gustavi Flauberte.

- E eu não sei, são um bando de ignorante, também olha só quem é presidente.

- Mas, mudando de assunto, se viu ontem no Big Brother, quem foi para o paredão?

Nesse momento, meu olhar capta uma cena inusitada, logo a frente um jovem alheio àquela conversa lê “1984” de George Orwell.

Que trágica e desconfortável coincidência, para um professor como eu!

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