domingo, 24 de julho de 2011

Notícias do novo Milênio!


Todo final (ou início) de século é a mesma história.
Borbulham “profetas embriagados” praguejando o futuro.
2012 não é novo, já aconteceram vários 2012.
Os maias, que não previram nada (acho que estavam cansados de fazer calendário e pararam em 21 do 12 de dois mil e 12, eles gostavam de 12 só isso, ou é apenas um final de ciclo, nada mais que isso) eles não são os únicos a entrarem na conta de videntes da vez.
O ano 1000, o ano 2000, os egípcios, Nostradamus, quantos em quantas épocas não caíram na tentação de profetizar?
Quantos não foram, pelo menos uma única vez, um apóstolo João à beira da morte sonhando acordado, em uma esquina qualquer de qualquer cidade?
Profetizar é portar a verdade que ainda ninguém vê, é consolar os presentes com um futuro melhor.
É vingar o sofrimento de agora com a promessa de um amanhã melhor.
É amaldiçoar os poderosos dizendo que sua vez irá chegar, confortando assim, os fracos da vez.
É atenuar o sofrimento, como o sonho atenua a realidade, como sono atenua o cansaço, como um regaço atenua o desânimo ou ânimo, como a morte atenua a vida.
É se entorpecer de sonho, delírio... em uma realidade cada vez mais hostil.
A vida é feita de morte, como a morte é feita de vida. O desejo de viver equivale ao medo de morrer.
Nós ocidentais nunca entendemos muito bem isso.

Os vaticínios, ao longo da história, quase sempre, estiveram ligados ao predomínio de situações calamitosas, de insegurança ou de grandes incertezas, incertezas estas que parecem ser características fundamentais deste novo milênio.
Mas, a ideia que me chamou atenção nos últimos dias é que se alguém tivesse me dito no final dos anos 80:
· que os Estados Unidos seriam humilhados “em sua própria casa” depois que tivesse alcançado (com o fim da Guerra Fria) o status de única grande potência mundial por grupos militantes que a própria CIA patrocinou para lutarem contra a ex-URSS;
· que o Brasil passaria a ser credor do FMI, que a dívida externa brasileira (o grande algoz econômico brasileiro por décadas a fio) ficaria reduzida a uma proporção insignificante do PIB (o que possibilitou a propaganda governamental de que o Brasil a tinha quitado);
·  que os Estados Unidos ameaçariam a não pagar os seus credores;
· que a Venezuela (antigo saco de pancadas sul-americano) chegaria na semifinal da Copa América de 2011 (e que não foi mais longe só porque o futebol continua injusto como antes), definitivamente, eu não acreditaria.

Parece que realmente este é sinal dos tempos.
Mas, bem diferente das previsões que, invariavelmente, são deduções a partir do curso predominante da história. Por isso são críveis, pois tais deduções catastróficas partem do real e extrapolam os indícios ruins, os males que já nos afligem, porém em graus ainda insignificantes ou não alarmantes.
A sutileza da história não pode ser capitada por antecipação (pelo menos não até o momento, ou pelo menos não que eu saiba), pode ser sim percebida por reflexão a posteriori, como os 3 acontecimentos supracitados (o 4º foi para descontrair), estes fazem parte da ironia da história, aquilo que escapa ao seu curso predominante, o que Hegel, querendo abarcar tudo com seu idealismo, chamou de “ardil da razão”.
Entretanto, (como não sou tão racionalista quanto Hegel) se eu trombar com algum profeta nesta esquinas da vida, vou parar e ouvi-lo com muita atenção.
Sem ironia.
Pois quem me explica aqueles buracos redondos na Guatemala?
Heim? 
Tem alguma autoridade científica por aí?
Heim? 
Tem?
Quem?
 

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