quinta-feira, 19 de março de 2009

A Vida é uma Cilada III


A Caixa de Pandora


Camargo quando abriu sua caixa postal, no dia seguinte, nem levou em conta o fato inusitado de receber um adiantamento que, por si só, já pagava o caso, tamanha a crise financeira pela qual passava. Nem sequer desconfiou da forma como o caso foi lhe transmitido. Afinal, os tempos mudaram. Não havia mais escritórios rotos e mal-cheirosos ou becos escuros, agora era através da internet, do celular que os casos, impessoalmente, eram passados. Divertiu-se Camargo ao pensar isso.


Pena que seria a última descontração do longo dia que só estava começando. Pois, logo que viu que no lugar de um envelope ou de uma pasta, como de costume, havia uma caixa e que esta tinha um peso muito superior a que alguns papéis e fotos teriam, o sinal de alerta acendera na cabeça de Camargo.


Alguns passos rua acima, onde ficava o Correio, quando então, parou na banca de jornal e comprou uma Folha para ler a coluna social, o susto que levou, bambeou suas pernas ao ponto de quase cair ao chão. Na manchete estava: “Paulo Almeida Prado, industrial assassinado misteriosamente”.


Ao abrir na página da notícia, seu susto virou desespero ao ver sua cliente na foto, aos prantos chorando pela morte do marido sexagenário.


- Sexagenário? Pensou alto Camargo.


Ao chegar a sua espelunca, nem mal sentou naquilo que um dia foi um sofá, abriu o pacote e o que viu foi a confirmação de uma enorme enrascada em que se metera. Na caixa se encontrava uma arma, possivelmente, usada na noite anterior, pois estava cheirando a pólvora. E abaixo da arma, estava um bilhete impresso escrito em computador: “Não lhe cause sofrimento, seja breve e não deixe pistas. Será muito bem recompensado.”


Enquanto pensava nos últimos lances de sua medíocre vida, forçando a mente para colocar um pouco de ordem no turbilhão de pensamentos que o perturbava, quando então conseguiu focar os detalhes do seu encontro no dia anterior... Visualizando em pensamento a tal Juliana com o celular à mesa, não havia trocado uma palavra se quer com ela,...


“Bum, bum, bum”. Nesse momento, o pensamento de Camargo é interrompido pelo barulho de sua porta chutada.


- Abra a porta Camargo e não resista, temos um mandado... “a porta cai”
Policiais armados logo imobilizam Camargo.


- Que fria você se meteu, heim?


- Qual a acusação?


- Você não sabe? Você está sendo acusado de assassinar Paulo Almeida Prado!


- Revistem o quarto todo!


- Nem precisa chefe, olha só o que tem nessa caixa!

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