sábado, 23 de maio de 2009

Os Escolhidos

22/05/2009 14:54:08


Sérgio Andrade/Carlos Jereissati
Corpo estranho na privatização da Telebrás, em 1998, a dupla comanda agora a maior empresa do setor À época da privatização do Sistema Telebrás, em 1998, dizia-se que Sérgio Andrade e Carlos Jereissati, os dois empresários que assumiram a maior fatia da telefonia brasileira, ao menos geograficamente falando, não permaneceriam muito tempo no negócio. Tanto o primeiro, dono da construtora Andrade Gutierrez, quanto o segundo, do Grupo La Fonte, tinham pouca ou nenhuma experiência na atividade. Emergiram vitoriosos sob críticas por terem levantado com o BNDES a maior parte dos recursos necessários a honrar o arremate.
Dez anos depois, a dupla de empresários não só permanecia à frente da Telemar, já com o nome mudado para Oi, como conseguiu tornar inequívoco o reinado na telefonia nacional. Com a aquisição da Brasil Telecom, tornaram-se os acionistas majoritários da maior empresa de telecomunicações do País, dona de 65% da telefonia fixa, 42% do mercado de banda larga e 17% dos assinantes da telefonia celular.
Eike Batista
Conduzido ao mundo da mineração pelo pai, Eliezer Batista, Eike virou o homem mais rico do Brasil O empresário Eike Batista autointitulava-se, desde o ano passado, o homem mais rico do Brasil. O reconhecimento veio com a edição 2009 do ranking de bilionários da revista Forbes, que o colocou em primeiro lugar no País e 61º na lista mundial, com uma fortuna de 7,5 bilhões de dólares.
Filho do criador da Companhia Vale do Rio Doce e ex-ministro de Minas e Energia Eliezer Batista, Eike fez fortuna na área de mineração, ao comprar e vender jazidas de ouro, minério de ferro e, mais recentemente, reservas petrolíferas. O Grupo EBX, holding controlada por Batista, reúne empresas de mineração, exploração de petróleo, logística e energia. Após vender, por 5,5 bilhões de dólares, áreas de minério de ferro para a Anglo American, anunciou que negocia a venda do braço de mineração MMX.
Benjamin Steinbruch
Ao liderar os consórcios que fisgaram a Vale e a CSN, ampliou os negócios da família e virou um gigante Filho do fundador da Vicunha, maior gru-po têxtil do Brasil, Benjamin Steinbruch foi incumbido de buscar novos negócios para a família, na década de 1990. Na fase das privatizações, conseguiu liderar os consórcios que arremataram a CSN e a Companhia Vale do Rio Doce.
Em 2001, o empresário decidiu abrir mão de sua participação na mineradora e, após um complexo processo de descruzamento acionário, tornou-se o único controlador da siderúrgica, na qual concentrou suas apostas. Outro lance ousado do empresário foi levado a cabo em 2005, quando conseguiu adquirir a parte da família Rabinovich no Grupo Vicunha, que passou a ser controlado apenas pelos Steinbruch.
A última empreitada consiste em valorizar os ativos de mineração da CSN. No ano passado, Steinbruch conseguiu vender parte da Namisa a um grupo de siderúrgicas asiáticas por 3,4 bilhões de dólares. A operação reforçou o caixa da siderúrgica, que fechou 2008 com lucro recorde de 5,8 bilhões de reais e preparada para enfrentar os efeitos da crise financeira internacional.
Daniel Dantas
O homem que espiona, engana os sócios e controla partidos costuma ser tratado apenas como “polêmico” Apaniguados, jagunços ou os que querem parecer isentos costumam atribuir a uma suposta inteligência superior a ca-pacidade de Daniel Dantas de acumu-lar dinheiro. Só com a fusão entre a Brasil Telecom e a Oi, patrocinada pelo governo Lula, embolsou cerca de 2 bilhões de reais. O termo certo talvez seja esperteza.
O baiano de olhos azuis percebeu cedo que, no Brasil, uma maneira rápida de enriquecer é operar à sombra do Estado.Sua capacidade de infiltração no mundo político só é comparável à de fazer inimigos. Não existe um único negócio (repita-se: nenhum negócio) no qual não tenha tentado (e geralmente conseguido) passar a perna nos sócios. Um atento observador de Dantas assim o resume: “Juntar dinheiro é o menos importante. Ele gosta mesmo é do jogo de poder”. Sua ascensão deve-se, em princípio, a Antonio Carlos Magalhães.
Mas foi o governo Fernando Henrique Cardoso o responsável por seu regime de engorda, ao elegê-lo um dos vencedores do processo de privatização. Em 2002, o PT venceu as eleições e o banqueiro achou uma forma de se aproximar. Foi muito bem recebido pela legenda trabalhista. DD detesta perder. Quando não coopta, chantageia. Um dos métodos preferidos é a espionagem, o grampo ilegal, daí o apelido de orelhudo, gentilmente cunhado por esta revista (homenagem ao prazer de ouvir conversas alheias).
É personagem relevante na história recente da disputa pelo controle do Estado brasileiro, apesar de grande parte da mídia tratá-lo como santo ou mártir. Não há um governo de peso, um par-tido político de expressão que não tenha o que temer quando o assunto é Dantas. É uma das raras pessoas físicas a possuir representantes próprios no Congresso. A bancada do orelhudo é ecumê-nica: nela cabem representantes de quase todas as agremiações políticas

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