sábado, 30 de maio de 2009

Pulp Fiction: inconseqüências e acasos – Tiros na hipocrisia



Eu me recuso a ver nos filmes de Tarantino apenas um passatempo violento e banal. Para mim suas cenas de violência são muito mais que isso, assim como seus filmes são muito mais que violência. Em Pulp Fiction, meu preferido, matar é uma profissão, como enganar é uma tática economicamente rentável, seja na compra de resultados de luta de boxe, no repasse dos lucros das drogas, etc.


Pulp Fiction é um desvelamento das hipocrisias da vida; talvez a visão cética que mostra com crueza a impossibilidade de relacionamentos sinceros e duradouros. É o desmascaramentos dos caracteres sociais e individuais. Não é nada muito sério, todos os argumentos são diluídos nos acasos predominantes da vida.


É como num conto policial, as motivações se perdem na trama, as ambições tornam-se sem relevância, nada vale muito à pena. Resolver o caso ou não, importa pouco no final. Entre bons e maus inexistem diferenças fundamentais e quando há distinções, é sobre atos dentro dos próprios sujeitos, são as escolhas e esquecimentos cotidianos, sem muito ou nenhuma explicação, que conduzem a trama e a vida, no final das contas. É como uma revista (pulp fiction) de contos policiais lida em um vaso sanitário enquanto defeca.


Quentin Tarantino faz de uma simples “cagada” uma pausa para leitura; de uma simples ida ao banheiro, uma “viagem”, não apenas um retoque na maquiagem, mas uma pausa necessária para refletir sobre seus atos, de resto, completamente inconseqüentes.



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