quinta-feira, 20 de março de 2008

ROTEIRO DE UMA PESQUISA: AÇÃO DIRETA COMO MÁQUINA DE GUERRA NÔMADE

1. Ação Direta: autogoverno e moralidade

Um ponto chave para o entendimento da dimensão complexa do termo ação direta no contexto dos anarquismos é o objetivo tácito, sobretudo, da criação de uma organização autogerida por valores morais internalizados individualmente e, ao mesmo tempo, em sintonia com uma vivência em comunidade que, com isso, preserve a igualdade sem constranger a liberdade individual.

Isso nos remete ao grande problema da organização da sociedade futura e do preparo para a revolução que levaria a esta sociedade. Para os anarquistas, um ponto é fundamental: a autogestão tanto no caminho à sociedade comunista, quanto ao fim a se alcançar, a própria sociedade igualitária. Para os anarquistas, os fins não justificam os meios, os meios já são partes do fim. É por isso, que a conduta dos militantes deveria ser exemplar e jamais cair na tentação de se constituir em guias dos trabalhadores. Já escrevia Bakunin que a ditadura da ciência, isto é, a da classe que detém o monopólio do conhecimento é o pior de todos os autoritarismos.

Para os anarquistas, jamais valeria a pena, nem que fosse em prol do sucesso da revolução, o sacrifício da liberdade individual ou a condução da revolução por uma elite. Este é o divisor de águas que separa os diversos outros socialismos dos anarquismos. No mais, anarquista que se preze preferiria sempre ver mil vezes a falência de seus objetivos a ter que governar nem que para o “bem”, a sociedade. Muitos deixaram de ser anarquistas ao enfrentar na prática este dilema, outros tantos, continuaram fiéis ao ideal libertário resignando-se à frustração, e alguns poucos continuaram perseverantes e jamais desistiram de lutar, nem que tal luta se restringisse a propaganda libertária apenas.

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