domingo, 24 de fevereiro de 2008

Resenha sobre "A I Internacional e a gênese histórica do internacionalismo proletário: passado, presente e futuro" de Roberto Barros

O texto sobre a Primeira Internacional peca, entre outros motivos, por ser claramente favorável a uma das correntes da Internacional, o marxismo e por deixar entender que a Internacional, pelo menos seu aparato ideológico e burocrático, tenha sido obra de um homem só, Marx. O autor demonstra certo desconhecimento a algumas obras de Marx e, embora cite A Guerra Civil na França, deixa transparecer que desconhece o teor desse escrito em que Marx revia sua posição sobre a Ditadura do Proletariado e acusava uma ligeira aprovação ao método Federativo da Comuna. Parece-me, assim, pois o autor adota a interpretação de Engels de 1891, do prefácio da edição comemorativa dos 20 anos da obra, quando este tentava camuflar essa repentina mudança na concepção de estratégia do marxismo. No prefácio, Engels, canhestramente tentava fraudar A Comuna alegando que sua organização federativa era o que ele e Marx chamavam de Ditadura do Proletariado. Dessa forma, Roberto Barros equivoca-se em ver no fato de a maioria dos comunards serem de outras vertentes do socialismo como o blanquismo e, predominantemente, o proudhonismo como uma contradição, quando na verdade era a expressão coerente de sua organização política. E isso fica claro no texto de Marx, embora vinte anos após, Engels se esforçaria no prefácio para amenizar este "desvio" de Marx da ortodoxia que se tentava criar na II Internacional. O Marx da Guerra Civil na França, ressalto, tendia claramente a apostar em outro método de organização revolucionária não mais baseada na Ditadura do Proletariado, mas na experiência federativa da Comuna.

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