sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

100 Balas: Revivendo Hammett e Chandler


Há muito tempo não lia um romance policial que me despertasse tantos sentimentos como a história em quadrinhos de 100 Balas, escrita e desenhada por Brian Azzarello e Eduardo Risso respectivamente. Trata-se de uma construção narrativa espetacular, com refinados toques de dramaticidade. Nada, absolutamente nada que acontece na seqüência das histórias em quadrinhos de 100 balas é por acaso, tudo se encaixa perfeitamente e tem sua razão de ser na trama.



A trama principal gira em torno de uma mala com 1 arma e 100 balas não rastreáveis sempre entregue por um tal agente Graves a uma pessoa que sofreu algum tipo de injustiça, o tal agente oferece a oportunidade de as pessoas se vingarem sem que corram o risco de serem presas ou perseguidas pela polícia. Só no decorrer das histórias é que os autores passam a revelar gradativamente os mistérios que envolvem homens com Graves, Sr Shepherd, Lono e Cole Burns, como, para quem trabalham?, quem são?, quais são seus objetivos?, se formam um grupo ou não?, etc.



100 balas remonta a tradição de autores como Dashiell Hammett e Raymond Chandler, ao mesmo tempo em que, atualiza os ambientes e as atmosferas do mundo do crime. Contra todos os preconceitos, tanto por ser um romance policial considerado pelos néscios de plantão como uma subliteratura, quanto pelos intelectuais adornianos que vêem, ainda hoje, os quadrinhos como um mero produto básico da indústria cultural, fútil, palatável e descartável, 100 balas consegue ser, concomitantemente, um grande romance e uma fantástica narração gráfica, sem nenhuma perda da qualidade dramática. Boa Leitura!

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