domingo, 1 de fevereiro de 2009

Por que os presidentes vieram ao Fórum? Gilberto Maringoni


Foto: Eduardo Seid


O encontro de cinco presidentes marca um dos pontos mais altos de todas as edições do FSM. Todos se legitimam e legitimam o evento, que torna-se definitivamente parte da agenda política mundial. Lula, que esteve duas vezes em Davos, decidiu não subir aos alpes suíços neste ano.
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Melhores momentosFoi um dos melhores momentos de todas as oito edições do FSM. Lula, que participou de quatro das iniciativas em Porto Alegre e marcou presença por duas vezes em Davos, decidiu não subir aos montes suíços neste ano. Mais do que ninguém, ele sabe do possível desgaste em associar sua imagem à parte dos financistas responsáveis pela crise econômica internacional.
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Disputa
Nem tudo é tranquilo, no entanto. As duas atividades desta quinta com os chefes de Estado envolveram uma disputa, estabelecida entre o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e o governo Lula. Descontentes com o que avaliam serem os poucos avanços da reforma agrária, os dirigentes do movimento decidiram não convidar o presidente brasileiro para a atividade do período da tarde.
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Diálogo
Em um diálogo inédito, os quatro mandatários ouviram previamente demandas de representantes dos movimentos, o que levou Morales a lembrar que "somos presidentes originários das lutas sociais continentais". O líder boliviano era o mais entusiasmado de todos. Acabara de vencer o plebiscito que aprovou por larga maioria a nova constituição do país, reduzindo o espaço institucional da oposição de direita.
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Eleições
João Pedro Stédile chegou a falar, no encontro com os movimentos populares, que as eleições não resolvem os problemas da região. "Se fosse assim, a Itália estaria muito bem", disse ele. Não é bem assim. Todos os mandatários latinoamericanos foram eleitos, reeleitos e referendados em seguidas consultas populares. Se a democracia real não conseguiu resolver os problemas, as soluções devem ser buscadas nas combinações de demandas sociais com o alargamento dos espaços institucionais. O próprio Fórum Social Mundial não existiria se governos democráticos não tivessem sido eleitos e investido dinheiro e estrutura em iniciativas desse tipo.

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